O chamado custo Brasil que incide em algumas atividades econômicas de
modo a reduzir a competitividade do país, afeta também o avanço da
ciência. A burocracia, o poder de polícia e o aparato legal não dialogam
com as instituições que se esforçam para fazer avançar o conhecimento
científico, e, por isso, cobram um preço alto, o que revela o absurdo da
situação.
Um exemplo deste custo foi dado na tarde da quarta-feira quando a
Polícia Federal prendeu no aeroporto de Juazeiro do Norte, Ceará, dois
paleontólogos que vieram trabalhar numa pesquisa coordenada pela
Universidade Regional do Cariri (Urca), apoiada pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para identificar a
presença defósseis do período jurássico na região.
A bacia do Araripe, que compreende a região do sul do Ceará, e parte de
Pernambuco e Piauí, sedia a maior jazida de fósseis do período cretáceo
no mundo.
Os paleontólogos Alexander Kellner, pesquisador do Museu Nacional da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (FRJ), e RomainAmiot, geoquímico
da Universidade de Lyon1, da França, e professor associado do Instituto
de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia de Pequim, China,
somente saíram da delegacia da Polícia Federal em Juazeiro do Norte no
início da tarde de ontem.
Os professores da Urca se cotizaram para pagar a fiança de R$ 24 mil
para libertar os dois pesquisadores, já que a entrega da autorização
para a pesquisa feita após o flagrante não foi aceita pela Polícia
Federal, que alegou só aceitar com ordem judicial.
O paleontólogo coordenador da pesquisa, Álamo Feitosa, da Urca, disse à
TV Verdes Mares que as amostras coletadas, pó de rocha e pequenos
fósseis, fragmentos, iriam ser estudados para determinar o grau de
salinidade do paleolago e a sua conexão com o mar, além de fazer
inferências sobre a temperatura ancestral e entender aspectos das
mudanças climáticas.
“Como vamos mais convidar pesquisadores de ponta para vir colaborar
conosco nas pesquisas paleontológicas?”, questionou Álamo Feitosa. Há
três anos desde que a Urca iniciou esta pesquisa começaram as tratativas
para trazer ao Cariri o pesquisador Romain Amiot, do Centre National de
la Recherche Scientifique da França.
O coordenador da pesquisa fez um “apelo ao bom senso, para separar o
que é um cientista e o que é um traficante”. O delegado Francisco Assis
Castro Bonfim, responsável pela delegacia da Polícia Federal em Juazeiro
do Norte enquadrou os pesquisadores na lei ambiental, por porte de
material mineral sem documentação legal que autoriza a condução, mesmo
que com finalidade de estudos.
Fonte: Site Desimbroglio extraído daqui
_______________________
Não é praxe, mas tenho conhecimento de que alguns colegas pedem autorização do DNPM para fazer o transporte desse tipo de material para pesquisa, é algo que precisa ser discutido.
Prof. Elias Santos Junior
Manaus - Amazônia - Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário