Alexandre Nascimento
O
mercado de Óleo e Gás ainda tem a tendência de absorver profissionais
com formação em Engenharia para as suas mais variadas áreas técnicas.
Nas discussões sobre a formação no curso de Tecnologia de Petróleo e
Gás, já foram abordados inúmeros motivos sobre a resistência em absorção
desses profissionais pelo mercado de Óleo e Gás, entre elas a
necessidade de registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura
(CREA) e até mesmo o fato de esses profissionais não atenderem
plenamente às exigências inerentes às atividades da Petrobras, cuja
demanda, por sua vez, apenas bacharéis atenderiam, sejam eles em
ciências ou em engenharia.
Fato é que, a cada ano que passa, mais profissionais estão se
formando nesse curso e consequentemente buscando seu espaço no mercado
de trabalho, bem como as demandas do marcado estão cada vez maiores. Se a
Petrobras é considerada referência nacional ou não, e se ela afeta a
imagem desse profissional por não absorvê-lo, esse não vai ser o foco
desse texto. O objetivo aqui é apontar em quais segmentos do setor de
Óleo e Gás esses profissionais podem ser mais facilmente absorvidos sem
impactos negativos no investimento de três ou quatro anos de formação
acadêmica.
Mas com relação ao curso de Tecnologia em Petróleo e Gás, não se pode
inferir que a diferença frente aos cursos de Engenharia ou aos cursos
de Ciências, como Física, Química, Geologia ou Geofísica, está em três
ou quatro cálculos. Os cursos de Engenharia e Ciências, além de oferecer
uma significativa base de cálculo, apresentam ainda os aspectos da
física em seus vários contextos; oferece também o aprofundamento das
suas especificidades, como por exemplo, Mecânica de Fluidos, Operações
Unitárias, Termodinâmica, Química Orgânica e Analítica, Ciência de
Materiais, Corrosão, entre outras de acordo com a Engenharia em questão,
sem contar com a apresentação dos conceitos de gestão, como por
exemplo, Projetos, Pessoal e Contabilidade. Ou seja, cabe fazer uma
distinção na atuação entre os três profissionais: Tecnólogo, Engenheiro e
Bacharel em Ciências.
Segundo Gladstone Peixoto Moraes, professor do curso de Tecnologia em
Petróleo e Gás do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos
(Cefet-Campos), o curso de tecnólogo é focado na atividade, ou seja, dá
ênfase no que é necessário para a aplicação. Portanto, esse profissional
tem por objetivo dar suporte à criação e ao desenvolvimento, ou seja,
ele pode ser a peça chave entre o projeto e a operação. Pois, embora ele
não tenha conhecimentos técnicos aprofundados em ciências ou engenharia
ele tem uma visão holística sobre toda a cadeia da indústria de Óleo e
Gás e conhecimentos técnicos suficientes para tomada de decisão no que
tange as funções de suporte as operações de exploração e produção
(Upstream, Midstream e Downstream).
No segmento Upstream, que inicia na prospecção e mapeamento de áreas,
passando pela perfuração, chegando até a fase de produção, pode-se
destacar as posições de especialistas de HSE, Logística de Suprimentos,
Garantia da Qualidade de processo e Controle de Qualidade de produtos e
serviços, normalmente conhecidos como QA/QC. Esses profissionais, embora
não tenham a exigência pelo mercado em ter formação técnica para
assumirem essas funções, são vistos como diferenciais quando tem.
Outrossim, são posições não tão procuradas por profissionais com
formação em Engenharia.
Em se tratando de Midstream, o segmento do mercado de Óleo e Gás que
se resume no conjunto de atividades que compõe a transformação do óleo
em produtos, certamente esses profissionais encontrarão mais
dificuldades para se colocar, pois, a maior demanda é por Engenheiros de
Processos, Processamento e Manutenção. Todavia, ainda sim existe a
necessidade de suporte a essas operações, mas que é facilmente entregue a
responsabilidade de profissionais com formação em cursos de nível
técnico das áreas específicas.
Chegando ao fim da cadeia, encontra-se o conjunto de atividades que
compõem o transporte dos produtos da refinaria até os locais de consumo,
denominado Downstream. É a fase logística, ou seja, o transporte,
distribuição e comercialização dos derivados do petróleo. Nessa etapa, a
maior demanda de profissionais está em logística, marketing e
gerenciamento de projetos, onde mais uma vez são profissionais que não
necessariamente precisam ter formação em Engenharia, mas tendo formação
voltada para o mercado de Óleo & Gás e aptos a exercer tais funções,
serão bem recebidos e com desenvolvimento de carreira garantido.
Diante desse contexto, os profissionais com formação em Tecnologia de
Petróleo e Gás não estão reféns da liberação de registro no Conselho de
Engenharia e Arquitetura para poder atuar no mercado de Óleo & Gás,
e nem da iniciativa da Petrobras para liberar a sua entrada por meio de
concurso. Esses profissionais estão aptos para atuar nas três fases da
Indústria de Óleo e Gás: Up, Mid e Downstream. Precisam apenas entender o
mercado e se aplicar em posições e empresas que melhor se adéquam a sua
formação e aos seus conhecimentos técnicos.
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