Autores: Fabio Fernandes1; Elias Vicente da Cruz Santos Júnior1,2
1 AMAZONGEO Geologia e Meio Ambiente; 2 Centro Universitário do Norte
Área pré-lavra (foto do arquivo da Amazongeo)
A areia minerada na
região de Manaus é resultado da atuação do intemperismo sobre rochas da Formação
Alter do Chão (Cretáceo Superior da Bacia do Amazonas). Os depósitos eluvionares,
se apresentam em forma de “lentes” com espessura de 2 a 4 metros predominantes,
sendo a lavra desenvolvida em mina a céu aberto (cava seca) de forma
mecanizada.
Amplamente utilizada na construção civil a areia que atualmente
abastece a cidade de Manaus é fornecida a partir de três principais áreas:
entorno das Rodovias BR-174 e AM-010, e região do Tarumã.
As minas distam até 80
km da sede do município, apresentam areais distribuídos em superfície aplainada
formando platôs, localmente constituído por pacote arenoso, de coloração branca,
de variada seleção, podendo apresentar alguma estratificação insipiente,
recobertos por areias de coloração escura, decorrente de seu conteúdo em
matéria orgânica.
Os rejeitos da atividade areeira, via de regra, representam
pequeno volume e são integralmente aproveitados na reabilitação da área.
Depositados em “pilhas” são resultado do acumulo de solo, de vegetação e das
areias de coloração escura, valendo resaltar que esta última tem encontrado
crescente mercado, gerando dividendos para a atividade exploratória e
“transtornos” quando da reabilitação da área, em decorrência do baixo volume
orgânico disponível.
Os empreendimentos mineiros são de pequeno a médio porte,
operados por pessoas físicas e jurídicas, não vinculadas a sindicatos ou
associações representativas, ora inexistentes, o que dificulta a interlocução
com os órgãos reguladores da atividade mineira.
Anterior a qualquer legislação
que disciplina a atividade de mineração, a explotação de areia, acumulou, ao
longo das últimas décadas, um grande passivo ambiental devido a falta de
aprimoramento técnico, organização e racionalização da atividade.
O passivo
ambiental da atividade do setor areeiro pode ser avaliado pelo não cumprimento
das condicionantes das Licenças de Operação e implantação das propostas de
reabilitação das áreas.
Nos empreendimentos visitados várias “não-conformidades”
foram identificadas, algumas significativas, tais como, ausência de responsável
técnico pela lavra, reabilitação não iniciada e operação realizada por
terceiros, não comunicada aos órgãos reguladores da atividade mineira. Desmatamento
não orientado, frentes de lavra aleatórias, delimitação deficiente, acúmulo de
água e rejeitos mal armazenados, constituem as principais deficiências.
Área pós-lavra (foto do arquivo da Amazongeo)
A que
pese a ausência de investimentos na capacitação técnica dos funcionários, o desenvolvimento
exploratório dá-se de modo regular, quase que exclusivamente pela
“experimentação”.
Rochas alteradas da Formação Alter do Chão (quartzo-arenitos,
quartzo-grauvacas, arenito arcoseanos e siltitos) constituem, comumente, o
limite exploratório dos depósitos de areia, substrato sobre o qual se inicia a
reabilitação, onde se propõem implantar atividades agrícolas, aquícolas e de
reflorestamento. Tal substrato possui elevada resistência mecânica, baixa
fertilidade e moderada permeabilidade, necessitando de intervenção antrópica
prolongada quando destinado ao uso agrícola/florestal, e imprescindível
impermeabilização para o desenvolvimento de atividade aquícola.
No campo
acadêmico-científico, projetos de recuperação de áreas degradadas pela
atividade em questão, apresentam pouco ou nenhum interesse, contribuindo para a
ausência de parâmetros técnicos (teóricos e práticos).
Uma mineração mais
eficiente e com menor passivo ambiental, legal e com retorno a sociedade, certamente
deverá passar por uma reestruturação do setor mineral local.
REFERENCIAS:
FERNANDES, F. & SANTOS JÚNIOR, E. V. da C. Aspectos da Mineração e Impactos
da Exploração de Areia em Manaus - AM. Anais do 46º Congresso Brasileiro de Geologia e 1º Congresso de Geologia dos
Países de Língua Portuguesa. Santos, SP.2012.
PALAVRAS CHAVE: mineração, deficiência operacional, passivo
ambiental.
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