Ola colegas, disponibilizo abaixo o link para download do livro Geomorfologia do Professor Valter Casseti.
Professor Elias Santos Junior
Manaus - Amazonas - Brasil
_______________________________________Apresentação
“No domínio da matéria, nada é criado do nada e na vida não existe a geração espontânea: também, no domínio da mente não há idéia cuja existência não se deva a idéias antecedentes, numa relação semelhante a pai e filho. Assim, nossos processos mentais, ao serem conduzidos, em sua maior parte ao exterior da consciência, será difícil descobrir a linhagem das idéias...” G.K. Gilbert, 1895 in The Origin of Hypotheses)
O relevo terrestre assume expressão como recurso ou suporte da vida, “palco do desenvolver da história'' no dizer de Emmanuel De Martonne (1964). Caracteriza-se como potencial natural, que ao ser apropriado pelo homem, adquire significado ideológico, tanto pelo caráter geopolítico, como pela condição “externalizada'' na abordagem positivista.
Sun Tzu, há mais de 2.500 anos, quando escreveu A Arte da Guerra , destinou capítulo específico sobre “terreno'', atribuindo ao relevo, importância estratégica fundamental: ”a formação natural da região é o melhor aliado do soldado (...); se você conhece o inimigo e a si mesmo, sua vitória não será posta em dúvida; se você conhece o céu e a terra, pode torná-la completa''. Também Jean Tricart, em L'evolution des Versants (1957), ressalta o significado das pesquisas sobre os aplainamentos durante as duas grandes guerras mundiais, dada a importância do relevo enquanto estratégia bélica. No caso específico os aplainamentos assumiam importância para a construção de campos de pouso.
O conceito medieval de “relevo” contempla a noção de “acidente'', no sentido de ”revanche'' da natureza, considerando as conseqüências de uma apropriação destituída e medidas mitigadoras quanto a eventuais impactos, enquanto a noção de “altimetria'' refere-se ao critério de demarcação das fronteiras territoriais (Moreira,1994). Faz-se aqui a necessária ressalva de que mesmo a “superfície relativamente plana”, excluída da noção de relevo na concepção popular, é uma forma que representa determinado compartimento.
O relevo no contexto ideológico da natureza pode constituir argumento ou substrato do “evento do azar'' ao separar seus processos intrínsecos em relação às atividades humanas, justificando a ocorrência dos desastres como ”ato de Deus''. Da mesma forma, quando os “acidentes naturais'', numa lógica malthusiana, são vistos como argumento de triagem ou controle populacional ”positivo'', desconsidera-se a apropriação diferencial, a exemplo da ocupação de “áreas de risco'', diretamente relacionada às condições socioeconômicas.
A preocupação com as relações processuais responsáveis pela evolução do relevo cada vez mais ganha destaque ao se constituir em importante subsídio ao ordenamento territorial, comprovado através de estudos relativos aos “riscos urbanos'' ou de natureza “geoambiental''. Neste sentido destacam-se os trabalhos relacionados às formações superficiais1, que inserem a geomorfologia num contexto multidisciplinar, “aumentando sua crescente tendência para se colocar mais próxima às ‘ciências ambientais', das quais eventualmente se afastou” (Barbosa, 1983).
Para se entender o relevo na atualidade é imprescindível compreender o seu processo evolutivo em seus diferentes momentos epistemológicos, que contribuíram para a sistematização do conhecimento geomorfológico.
Na presente abordagem o relevo é entendido como resultado das forças antagônicas, sintetizadas pelas atividades tectônicas e estruturais, e mecanismos morfoclimáticos ao longo do tempo geológico, observando que “cada momento do relevo constitui um fim em si'' (Cholley, 1950).
Com este trabalho pretende-se oferecer alguns subsídios introdutórios de geomorfologia, procurando destacar as relações processuais como fatores intrínsecos à elaboração do relevo.
Na introdução, considera-se a natureza da geomorfologia e sua relação com a geografia, onde academicamente se alojou ao longo do tempo. Apresenta-se uma síntese evolutiva com respectivos sistemas de referência. Os três capítulos seguintes constituem o núcleo estrutural da geomorfologia, levando em conta os níveis de abordagem propostos por Ab´Sáber (1969): a compartimentação topográfica, a estrutura superficial e a fisiologia da paisagem. Os demais capítulos – Cartografia geomorfológica, Subsídios da geomorfologia ao estudo integrado da paisagem e A pesquisa geomorfológica - têm por objetivo evidenciar alguns recursos ou aplicações voltadas ao ordenamento espacial, como estudo da paisagem. Assim, apresentam-se considerações sobre a cartografia geomorfológica, os subsídios da geomorfologia para o estudo integrado da paisagem e a pesquisa geomorfológica, numa perspectiva que tenha por princípio a teoria, o método e a práxis.
Os três primeiros capítulos resgatam parcialmente conteúdos dos livros do autor, Elementos de Geomorfologia e Ambiente e Apropriação do Relevo, o que implicou revisão, supressão e incorporação de conhecimentos.
OBJETIVO DO LIVRO: 1. oferecer um ordenamento metodológico ao estudo geomorfológico, considerando os níveis de abordagem sistematizados por Ab'Sáber (1969);
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