"Vejo a chance de fazer em mineração um 'replay' do que fiz na soja" Olacyr de Moraes
O
empresário Olacyr de Moraes, às vésperas de completar 81 anos, aposta
na mineração como uma nova frente de negócios. Ele está em negociações
com três grupos estrangeiros para formar uma parceria de exploração e
produção de tálio, um mineral raro na natureza, até agora só extraído
como "impureza" de outros metais, principalmente do zinco. Por meio de
sua empresa de pesquisa e desenvolvimento mineral, a Itaoeste, criada em
2002, o ex-rei da soja do país espera ainda este ano ter a licença para
começar a extrair o metal.
"Estamos confiantes. O tálio é nosso
projeto em melhor nível de maturação", afirmou Moraes, em entrevista ao
Valor. Descoberta no ano passado, a reserva de tálio em Barreiras, na
Bahia, é superior a 60 toneladas em apenas em uma área (704 hectares),
que corresponde a apenas 2% de um total de 44 mil hectares pesquisados
pela Itaoeste. Hoje, segundo o Instituto Geológico dos Estados Unidos
(USGS), o consumo global de tálio está no patamar dos 10 toneladas por
ano.
Cotado na faixa de US$ 6 o grama, o tálio é um mineral de
alto valor agregado, utilizado em indústrias que adotam tecnologias de
ponta. Ele é aplicado como contraste em exames cardiovasculares, em
ligas metálicas supercondutoras, além de ser utilizado como material
termoelétrico, que gera corrente elétrica pela diferença de temperatura
(com uso em motores de veículos, geladeiras e até chips), além de leds,
lente, células fotoelétricas e vidros.
Os únicos grandes
produtores do metal são China e Cazaquistão. Em 2009, no entanto, a
China eliminou benefícios fiscais para exportação e passou a importar,
em um movimento para atender a demanda interna. O Cazaquistão está hoje,
portanto, na liderança da produção do metal. "A demanda por tálio está
reprimida e vai acompanhar o aumento da oferta do metal", disse o
diretor de operações da Itaoeste, Carlos Cerri.
Na Bahia, o
mineral foi encontrado em uma mina a céu aberto, associado a manganês e
cobalto. Nas demais reservas do mundo, no entanto, aparece associado a
zinco, chumbo e cobre, geralmente em minas subterrâneas, de alto custo
de exploração. "No Brasil, o tálio é aflorante", disse Cerri. Segundo
ele, já foi observado o mesmo potencial em toda a área requerida. O
tálio será extraído junto com 300 mil toneladas de manganês, próprio
para a produção de sulfato (uso na agricultura) e eletrolítico (para
ligas especiais).
A Itaoeste admite que tem fôlego para implantar
um projeto de produção, que pode ser um primeiro módulo, de 6 a 10
toneladas de tálio mais 30 mil toneladas de manganês ao ano. Para essa
fase, teria investimentos de US$ 50 milhões. Com a venda dessa produção,
poderia obter faturamento inicial na faixa de US$ 70 milhões a US$ 100
milhões por ano.
A ideia, informou Moraes, é começar a exportar o
concentrado (material não refinado) para países como Coreia do Sul,
Japão, China e para Europa, até que se tenha a tecnologia de refino.
"Vejo a chance de fazer na área de mineração um 'replay' do que fiz no
negócio da soja. Fui pioneiro, mas paguei um alto preço", comentou. Se
tudo correr como espera, estima que a exploração apenas de desse metal
raro poderá gerar US$ 1 bilhão de faturamento.
"Um parceiro
aceleraria o processo e seria o ideal, para trazer a experiência do
mercado", explicou Moraes. Segundo ele, a companhia domina o processo de
extração e separação e aguarda a licença para a lavra do metal, que
deve sair antes de um ano. "Quando ganharmos o poder de lavra, começamos
a faturar. Até o fim de 2013, vamos começar a beneficiar o metal".
A
Itaoeste investe R$ 1,5 milhão por mês em pesquisa e exploração, com
recursos, segundo ele, próprios, grande parte provenientes de seus
antigos negócios. A empresa tem 200 mil hectares nos Estados de São
Paulo, Piauí e Bahia, em jazidas de ferro, cobre, titânio, fosfato,
calcário para cimento, granito preto e mármore.
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O potencial mineral brasileiro é surpreendente, pena que os procedimentos para regularização sejam tão complicados, onerosos e demorado.
Toda essa demora nos processos de analise de requerimentos para pesquisa e lavra fazem com que o minério acabe saindo de forma clandestina, caso muito comum no estado do Amazonas.
No Amazonas temos uma demanda muito grande por profissionais aptos a realizar pesquisa mineral, hoje temos inumeros pedidos de alvará de pesquisa e não conseguimos montar as equipes de execução, existe a promessa de criação de cursos de Tecnico de Mineração e talvez nem isso supra a demanda.
Espero que o novo Marco Regulatório da Mineração venha agilizar esses procedimentos.
Brasil, vamos minerar!
Saudações Geológicas
Prof. Elias Santos Junior
Manaus - Amazônia - Brasil