quinta-feira, 4 de março de 2010

Sorte geológica e preparo explicam por que tremor do Chile matou menos que tragédia do Haiti

Uma sorte geológica e o preparo do Chile para abalos sísmicos explicam por que um terremoto de 8,8 graus (muito superior aos 7,0 graus do tremor que atingiu o Haiti em 12 de janeiro) causou um número menor de vítimas em relação ao fenômeno que devastou o país caribenho.

Até o momento, o terremoto do Chile deixou mais de 700 mortos, enquanto o tremor no Haiti matou entre 217 mil e 230 mil.

Apesar de o tremor de sábado no Chile ter liberado cerca de 50 gigatonelas de energia (o equivalente a 50 bilhões de toneladas), sua força foi dissipada à medida que atingia as cidades chilenas pelo fato de seu epicentro ter-se localizado no mar, a 35 quilômetros de profundidade. Isso reduziu o impacto, mas produziu um tsunami.

Já no caso do Haiti, o epicentro do terremoto foi a apenas 10 quilômetros da superfície e a apenas 25 quilômetros da superpovoada Porto Príncipe, a capital do país. A proximidade da superfície multiplicou a violência das vibrações e amplificou os danos no solo, em uma região onde vivem 3 milhões de pessoas.



Além disso, enquanto oito cidades haitianas sofreram abalos "violentos" a "extremos", as áreas urbanas do Chile não sofreram mais do que abalos "severos". O tremor do Chile teve seu epicentro a 115 quilômetros da cidade de Concepción e a 325 quilômetros de Santiago.

"Mas a diferença não se deve apenas ao epicentro do tremor, já que o Chile está muito melhor preparado que o Haiti para enfrentar qualquer abalo dessa intensidade", disse à AFP Roger Bilham, professor de geologia da Universidade do Colorado.

O Chile se encontra em uma das zonas de maior atividade sísmica do mundo, na convergência de duas grandes placas tectônicas, o que provoca abalos de 8 graus a cada dez anos, aproximadamente, mas o Haiti não sofria um terremoto tão catastrófico na região de Porto Príncipe há 240 anos.

Precisamente no Chile ocorreu em 22 de maio de 1960 o maior terremoto já registrado, o abalo de Valdivia, de 9,5 graus, que deixou 2 mil mortos.

Segundo a empresa americana EQECAT, especializada na avaliação de riscos, as normas chilenas de construção "atenuaram o potencial de destruição" do terremoto.

A organização Architecture for Humanity estimou que os efeitos do terremoto no Chile "foram muito menores que no Haiti (...) sem dúvida por causa do estado de preparação do país, incluindo as normas de construção".

"Se um prédio cai durante um terremoto é porque foi fortemente sacudido ou porque foi mal construído", resumiu o professor Roger Bilham. "No Haiti, os prédios eram muito frágeis. Quem os construiu, há 20 ou 30 anos, fez túmulos para seus ocupantes."

Em Porto Príncipe, apenas dois prédios foram construídos para enfrentar terremotos, e ambos resistiram ao abalo de 12 de janeiro.

*Com informações da AFP e Guardian

Disponivel em:


Um comentário:

Carlos Faria disse...

Gostei muito deste post: sucinto, sem grandes pormenores técnicos para o grande público perceber, claro e com uma mensagem que importa passar aos cidadãos sobre a importância da preparação para fazer frente às catástrofes.
Claro que cada tipo de risco implica soluções próprias, mas muitas vezes são possíveis de conciliar e, se não eliminam todos os danos, ao menos minimizam-nos em muito e este foi um exemplo perfeito, pois sem a preparação teria sido bem pior.

O que é Coaching - Por Elias Santos Junior - Geólogo, Professor e Self-empowerment Coach

Coaching [1]   é uma palavra em inglês que indica uma atividade de formação pessoal em que um instrutor ( coach ) ajuda o seu cliente ( coa...