quinta-feira, 16 de abril de 2009

Evolucionismo e criacionismo no século 21


Ola, em minhas aulas de Paleontologia uma questao recorrente se refere a origem da vida, e por mais que eu evite entrar nessa discussão, sempre sou questionado sobre o que penso sobre o tema, em quase todas as vezes sou tachado de ateu.


É comum ouvir a seguinte coisa "eu faço Biologia mas nao acredito em nada disso", ou "Os cientistas nao me convencem, eu acredito é na Biblia, que foi escrita por Deus".


Como nao sou de fugir das discussoes faço às vezes o papel de advogado do Diabo (nossa, esse termo ficou meio estranho aqui hehehe) perguntando quais as origens da Biblia, quem a escreveu, quantas traduções foram feitas, e finalmente apelo para a Idade Média onde a Biblia era usada como desculpa para exterminar os inimigos da igreja sob a acusação de heresia.


No fim, sempre me divirto com a falta de senso critico das pessoas, em conseguir separar o que é Ciência e experimentação cientifica de dogmas religiosos. E a pergunta sempre fica no ar, será que nosso professor é Ateu?

Para mostrar que essa discussao ainda vai longe, transcrevo abaixo o artigo da Revista Ciencia Hoje.

Evolucionismo e criacionismo no século 21
Credibilidade da teoria da evolução biológica é baixa entre universitários brasileiros, mostra artigo
http://cienciahoje.uol.com.br/137774



Embora o evolucionismo darwiniano, que está completando 150 anos, seja tido como uma das mais relevantes teorias da história da ciência, organizações de cunho religioso vêm tentando incluir no currículo escolar a concepção criacionista – descrita na Bíblia – da origem da Terra e da vida. Esse movimento está presente em vários países, inclusive no Brasil, onde, mesmo entre estudantes universitários, a credibilidade da teoria da evolução biológica, e mesmo de outras realizações científicas, ainda é baixa. Foi o que revelou uma pesquisa realizada com alunos da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná.


A ideia da evolução biológica provocou uma mudança radical na maneira como enxergamos a natureza e a nós mesmos. Após o surgimento dessa ideia, a semelhança entre espécies distintas passou a ser explicada pelo fato de compartilharem ancestrais em comum. Da mesma forma, a diversidade genética dentro de uma espécie deixou de ser vista como um ‘defeito de fabricação’, tornando-se a matéria-prima da evolução. E, sobretudo, a evolução de caracteres adaptativos – desde a melanina que determina a cor da nossa pele até a visão aguçada de uma águia – começou a ser interpretada como fruto da sobrevivência e da reprodução diferencial de indivíduos geneticamente distintos.


Entretanto, no momento em que se comemoram os 150 anos da publicação do livro A origem das espécies, do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), um dos autores da teoria da evolução das espécies pela seleção natural, o debate criacionismo versus evolucionismo parece não ter arrefecido. Na verdade, em diferentes países (em especial os EUA), um movimento de cunho fortemente religioso tem, nos últimos anos, tentado impor ao sistema público de ensino uma visão religiosa da origem e evolução da vida.


De modo simplificado, podemos dizer que esse movimento criacionista envolve grupos religiosos radicais que rejeitam a teoria da evolução biológica em favor de um criador sobrenatural, tendo a Bíblia como única fonte de indícios para explicar essa concepção. Entretanto, é preciso destacar que a rejeição à evolução biológica pode partir de grupos que não têm, necessariamente, uma base cristã – como o Hare Krishna.


Nesse cenário, destaca-se o papel de algumas organizações criacionistas norte-americanas, como o Instituto para a Pesquisa da Criação (The Institute for Creation Research – ICR) e o Centro para Ciências e Cultura do Instituto Discovery (Discovery Institute’s Center for Science and Culture). Essas instituições pronunciam-se de forma mais incisiva, muitas vezes trazendo à mídia questões polêmicas, como a de que a evolução é uma teoria em crise inclusive na comunidade científica, ou a de que ela carece de provas experimentais, ou a de que os próprios evolucionistas não chegam a um consenso sobre a evolução.


Por esse caminho ardiloso, tentam justificar o ensino de outras teorias, além da evolução biológica, como forma de incentivar o debate e o senso crítico dos alunos. Com essa estratégia, os criacionistas têm conseguido avanços significativos dentro do sistema público de ensino em alguns estados daquele país.


Formação inadequada e desconhecimento da lei

Esse sucesso pode ser creditado, ao menos em parte, a alguns fatores intimamente relacionados. Um deles é a formação insuficiente ou inadequada de muitos professores a respeito da teoria evolutiva (muitos não compreendem o que significa ‘teoria científica’, ou seja, não sabem como a ciência é feita). Outro é o desconhecimento das questões legais referentes ao ensino do criacionismo nas escolas públicas dos Estados Unidos (os professores tornam-se, assim, vulneráveis às pressões de pais, estudantes, diretores de escolas e comitês de ensino). Por fim, e não menos importante, as próprias convicções religiosas de alguns professores os levam a ser criacionistas.


Seguindo essa estratégia e liderados pelo professor de direito Philip Johnson, da Universidade de Berkeley, os criacionistas norte-americanos fundaram, no início dos anos 1990, um movimento denominado Desenho Inteligente (ID, de Intelligent Design). O principal objetivo desse movimento é dar uma roupagem científica a seus argumentos, para transformar o criacionismo em uma teoria respeitável e, de preferência, no meio desse processo, desacreditar a teoria da evolução. Eles esperam, desse modo, criar um sentimento geral de que o criacionismo merece o mesmo tratamento do evolucionismo, inclusive no sistema público de ensino.


Pode-se dizer que o maior êxito dos criacionistas norte-americanos não tem sido obtido dentro dos Estados Unidos, mas sim na repercussão do movimento mundo afora, influenciando outros países, inclusive o Brasil. Uma pesquisa realizada em 34 países e publicada em agosto de 2006 pela revista cientifica Science mostra que, na Islândia, na Dinamarca, na Suécia e na França, mais de 80% dos adultos aceitam como verdadeira a teoria da evolução, percentual que fica em 78% no Japão.


Nos Estados Unidos, porém, somente cerca de 40% dos adultos acham essa teoria válida – os outros 60% não têm certeza sobre sua veracidade ou acreditam que é falsa. Já em países como Turquia, Bulgária, Grécia, Romênia, Áustria, Polônia, Suíça e outros, mais de 40% da população acham que a teoria da evolução é falsa ou não têm certeza sobre sua validade. O debate criacionismo/evolução, portanto, é complexo e parece estar longe de um fim. A discussão, porém, é absolutamente necessária, já que pode determinar o futuro educacional de nossa própria sociedade.


Rogério F. de Souza

Marcelo de Carvalho

Departamento de Biologia Geral,

Centro de Ciências Biológicas,

Universidade Estadual de Londrina (UEL)


Tiemi Matsuo

Departamento de Estatística e Matemática Aplicada,

Centro de Ciências Exatas, UEL


Dimas A. M. Zaia

Departamento de Química (Laboratório de Química Prebiótica),

Centro de Ciências Exatas, UEL

______________________________________
Essa discussão irá durar até o fim da humanidade

Prof. Elias Santos Junior
Manaus - Amazonas - Brasil

2 comentários:

Tati disse...

Tudo bem seu ateu...
saber tanto saber nos confunde a saber!!!
faço de minhas idéias uma essência. Imutavél!!!

Carlos Faria disse...

tal como referiu no meu post de filão, aqui também está um excelente post sobre uma discussão muito actual. Claro que, para se usar o método científico tem de se procurar as explicações sem a introdução do sobrenatural, independentemente de se ser crente ou não. Infelizmente, muitos pensam o inverso, que para se ser crente têm de se adequar a resposta científica aos dogmas ou superstições, um grande erro de método, pois parte de um preconceito assumido e não do princípio aberto da ciência que tem de estar preparada para qualquer resposta. Vou começar a passar cá mais vezes

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